A dose padrão para o consumo de bebidas alcoólicas é um conceito que desmistifica, empodera e constrói.
Em primeiro lugar, desmistifica a falsa ideia de que existem bebidas fortes e fracas. Imagine uma mesa de bar com três amigos. Um está bebendo 330 ml de cerveja, a um teor alcoólico de 4%; o outro está bebericando 100 ml de vinho tinto, a 12%; e o terceiro saboreia 30 ml de uísque, a 40% de teor alcoólico. Mesmo sendo bebidas diferentes, os três amigos estão ingerindo, cada um, a mesma quantidade absoluta de álcool: 10 gramas, aproximadamente.
Essa medida em gramas de álcool é o que chamamos de dose padrão. Seja qual for a bebida, se é destilada ou fermentada, se é servida em copo ou tulipa, se é conhecida como “quente” ou “fria”, o que se consome é exatamente a mesma molécula química: etanol. No fim das contas, o importante é saber quanto de álcool está indo para o organismo, independentemente do tipo de bebida.
A dose padrão tem como objetivo, justamente, estabelecer essa referência. Ela ajuda o consumidor a identificar a sua ingestão absoluta de álcool e, ao fazer isso, empodera o indivíduo saudável a fazer escolhas responsáveis na hora de beber, favorecendo a moderação no consumo de álcool.
Voltando à mesa do bar, após uma segunda rodada de bebidas os três amigos sabem que já ingeriram 20 gramas de etanol puro, ou duas doses padrão. Conhecer este dado é ter o poder de regular o próprio consumo de álcool e evitar abusos. É saber o real significado da moderação.
Por ser um parâmetro de referência, adotado internacionalmente, a dose padrão oferece uma métrica de comparação única para estudos regionais e globais sobre o consumo de álcool. Isso torna possível avaliar hábitos e culturas locais e realizar comparações entre regiões de um mesmo país ou até entre países.
Além disso, o estabelecimento dessa referência ajuda na elaboração de políticas públicas eficazes para evitar o uso nocivo do álcool, tanto em nível local quanto global.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), no passado, chegou a recomendar uma dose padrão de 10 a 12 gramas de álcool, com até duas doses diárias e intervalo de dias sem beber. Porém, a definição da dose padrão – tanto a referência em gramas quanto o número de doses por dia – é tarefa de cada país, pois varia de acordo com aspectos históricos, culturais e comportamentais de consumo.
No Brasil, o Instituto Akatu atua como facilitador de um diálogo de transição junto à sociedade, cujo objetivo é definir e utilizar a dose padrão de álcool como instrumento de política pública para o consumo moderado de bebidas alcoólicas no país.
Acompanhe esse trabalho aqui pelo site do Movimento Doses Certas!